Prof. Dr. Marco Aurelio Werle
Marco Aurélio Werle, nascido em Itapiranga/SC, em 1969, é professor doutor livre-docente junto ao Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo/Brasil. É autor de Poesia e pensamento em Hölderlin e Heidegger (EDUNESP, 2005), A poesia na estética de Hegel (Humanitas, 2005) e A questão do fim da arte em Hegel (Hedra, 2011). Traduziu a Ciência da lógica (excertos) de Hegel (Barcarolla, 2011), Os escritos sobre arte de Goethe (Humanitas, Imprensa Oficial, 2008) e, juntamente com Oliver Tolle, os Cursos de estética de Hegel (Edusp, 4 volumes, 1999-2004). Seu âmbito de pesquisa refere-se principalmente aos filósofos Hegel e Heidegger e aos autores da chamada estética da época de Goethe, que se estende de 1750 a 1830. Atualmente está concluindo uma tradução da Doutrina da arte de August Wilhelm Schlegel e realizando uma pesquisa, com Bolsa Produtividade do CNPq, sobre a crítica de Hegel ao romantismo. Cf. os detalhes no site:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4721721P3
Pesquisa atual (2011-2014)
Título:Idealismo e romantismo: a estética de Hegel e a doutrina da arte de August Schlegel
Como proposta de continuidade de nossa pesquisa atual em torno da estética de Hegel, caracterizada pela investigação da relação entre a estética de Hegel e sua época e herança, pretendemos explorar a gênese da filosofia da arte de Hegel em contraste com a obra Doutrina da arte [Kunstlehre] de August Wilhelm Schlegel. Ao mesmo tempo, gostaríamos de colocar em questão a relação de Hegel com o romantismo como um todo, principalmente a partir dos Cursos de estética e a resenha que fez das obras de Solger. A obra Doutrina da arte constitui, nada mais nada menos, do que a primeira filosofia da arte surgida no período pós-kantiano e pode ser tomada como a antecessora da Filosofia da arte de Schelling e dos Cursos de estética de Hegel. Poder-se-ia dizer que foi August Wilhelm Schlegel, em seus cursos proferidos em Berlim, entre 1800-04, que fundamentou a categorização e contraposição entre o clássico e o romântico, a qual foi de fundamental importância para toda a estética alemã a partir de 1800.
Informamos também que estamos trabalhando numa tradução, com notas, da Doutrina da arte, a ser publicada pela EDUSP (contendo em torno de 400 páginas).
O objetivo da pesquisa é duplo:
1) Gostaríamos de compreender mais profundamente a doutrina da arte de Schlegel, em especial procurar saber como ela se insere na tradição da disciplina de estética, no horizonte de desdobramentos que vão, grosso modo, de Baumgarten a Hegel e também questionar sua relação com o romantismo de Jena e seus desdobramentos posteriores (por exemplo, no plano literário romântico com os contos de E. T. A. Hoffmann e de Ludwig Tieck). Quanto a isso, coloca-se a pergunta: como foi possível surgir uma proposta de estética sistemática no interior do romantismo? Pois, é sabido que o romantismo era avesso à estética como disciplina e a qualquer tipo de sistematização e tinha uma predileção pelo fragmento e pela atividade da crítica de arte. Nesse contexto, cabe também abordar o contraste entre uma posição mais classicista (Goethe e Hegel) e a posição romântica em relação à arte.
2) Em segundo lugar, vem a questão da relação de Hegel com o romantismo. Assim como Hegel, também o romantismo operou um rearranjo da estética tradicional com base numa aguda compreensão do papel da história (antigos e modernos) na arte e acentuou a emergência da subjetividade (como linguagem e mito poético). No entanto, a despeito dessa proximidade, são distintos os modos segundo os quais esses tópicos são pensados no idealismo e no romantismo e os mecanismos teóricos mobilizados. Também são diversas as consequências para o estabelecimento da tarefa que cabe à arte no presente e no futuro, diante do passado. Se em Os escritos póstumos e a correspondência de Solger, um texto da época de Berlim, Hegel ressalta a origem religiosa e absoluta do pensamento moderno, bem como a situação política e cultural na Alemanha, o romantismo, por seu lado, em sua versão tanto teórica quanto literária, apostará na peculiaridade do papel da imaginação, da linguagem e da ironia na literatura. Essa diferença de enfoques será examinada por contraste, a saber, entre a proposta teórica dos Cursos de estética de Hegel e a Doutrina da arte de August Schlegel.
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